quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FORJÃES NA ROTA AZULEZAR DO MESTRE JORGE COLAÇO - III


OS PAINÉIS HISTORIADOS E AS CARTELAS DECORATIVAS DO CENTRO CULTURAL DE FORJÃES


O edifício das Escolas Rodrigues de Faria, hoje Centro Cultural de Forjães, foi inaugurado em 23 de Dezembro de 1934[1]. Foi mandado construir pelo benemérito António Rodrigues Alves de Faria tendo, por Escritura Pública de 29 de Agosto de 1934, feito doação, deste equipamento ao Estado Português.
Foi desactivado como estabelecimento escolar e transformado em Centro Cultural em 2001.
É constituído por seis salões, um auditório, um átrio e uma galeria.
Para estes espaços, Rodrigues de Faria encomendou a Jorge Colaço oito painéis alusivos à História de Portugal assim como 26 cartelas com frases de grandes pensadores e políticos da época. 
Nestes painéis Jorge Colaço usou gradações e transparências de azul-cobalto. Era uma das técnicas deste pintor que trabalhou essas transparências como se tratasse de uma aguarela – um dos aspectos que o distinguia de Rafael Bordalo Pinheiro.
Jorge Colaço pintou-os quando estes já estavam vidrados – o que na época motivou críticas severas ao seu trabalho – alegando que dessa forma “… não ficaria sujeito a surpresas que a cozedura da pintura sob o esmalte lhe poderia trazer”. Poder-se-à dizer que esta forma de pintar foi inovadora e teve Colaço como percursor.
Para cada “quadro” foi criada uma cercadura que funcionava como moldura.
As cartelas são do tipo moldura recortada, recriando o estilo das cercaduras barrocas.
Curiosamente sabemos que Jorge Colaço esboçou os desenhos destes painéis em aguarela sobre papel e alguns deles foram expostos aquando a Exposição Comemorativa do Primeiro Centenário do Nascimento do pintor, que decorreu no Palácio das Galveias em Junho e Julho de 1968.
Também o painel alusivo à Descoberta do Brasil foi pintado, pela primeira vez, com destino ao Pavilhão Português da Exposição de Anvers, em 1920.

AS CARTELAS

Embora não identificadas, as cartelas do Centro Cultural de Forjães (CCF) apresentam uma tipologia muito própria da Fábrica Carvalhinho, do Porto[2]. Aliás esta fábrica foi uma das que se especializou neste tipo de composições decorativas. De estilo enrolado e recortado nelas foram apostos pensamentos de incentivo à consciência moral e ao reforço do pensamento nacionalista. São seus autores, Thomaz Ribeiro Colaço[3], Alexandre Herculano, Bossuet, o próprio Jorge Colaço, Alfredo Pimenta, Gustavo Kass, Sidónio Pais, Thomaz Ribeiro que era pai de D. Branca de Gonta, esposa do Pintor Jorge Colaço, foi um Estadista e Poeta, Oliveira Salazar, Malapert, António Enes assim como foram escolhidos diferentes ditados populares alusivos ao acto de educar.


[1] - Entre os muitos visitantes deste equipamento escolar destaque-se a figura de Oliveira Salazar que aqui esteve em 25 de Junho de 1936.
[2] - Esta Fábrica foi fundada em 1840 por Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino. Situava-se na Corticeira (Porto) junto às margens do Rio Douro. Em 1930 esta fábrica passou por graves problemas financeiros e, por isso, associou-se à Real Fábrica de Louça de Sacavém e passou a designar-se por Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, SARL.
[3] - Thomaz Ribeiro Colaço era filho do pintor. Foi poeta, dramaturgo e, essencialmente, grande humorista. Faleceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1965. Foi fundador do Semanário Literário “Fradique”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário