quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FORJÃES NA ROTA AZULEJAR DO MESTRE JORGE COLAÇO - II


Jorge Colaço Pintor de Azulejos


Como dissemos em artigo anterior, Jorge Colaço foi um dos grandes renovadores da azulejaria portuguesa, tal como Rafael Bordalo Pinheiro. Apesar das diferentes estéticas seguidas por um e por outro, Bordalo jamais deixou de colocar nos seus temas a vertente irónica enquanto que Colaço se prendeu mais à corrente nacionalista e revivalista – pintura de História, representação de monumentos, tão do agrado das camadas sociais mais conservadoras, caminhando a par com as novas manifestações da Arte Nova e das Arts Déco que se impunham a nível internacional. Jorge Colaço desde sempre se identificou com essa ideologia afirmando que “… neste tempo de brumas o nacionalismo é a atmosfera salvadora” (COLAÇO, 1933)[1]. É esta ideologia que vai estar presente no trabalho do pintor, procurando articular a pintura com a arquitectura. Aliás é frequente a interacção entre Colaço e Raul Lino na defesa de uma tipologia para a descoberta do projecto da “Casa Portuguesa”, este como projectista e aquele como decorador. Refira-se que o conceito de “Casa Portuguesa” para Colaço era uma espécie de versão aumentada e mais decorada das estações de comboio (PEREIRA, 1995)[2].
Colaço usou a técnica tradicional da pintura a pincel sobre o vidro estanífero (AMORIM, 2001)[3], imitando, com facilidade, os estilos do passado, nomeadamente o barroco. Aliás foi com o barroco e com o rococó “ … que esta serôdia corrente encontrou as principais fontes de inspiração, bem como uma imagem áulia de ressonâncias aristocratizantes” (MECO, 1985)[4].
São usualmente apresentados, como obra de referência de Jorge Colaço, os célebres painéis historiados da Estação Ferroviária de S. Bento, no Porto. Foram realizados na Fábrica de Sacavém no ano de 1915. Também, e da mesma fábrica, embora de 1907, são os painéis das paredes do Grande Hotel do Buçaco. Estamos certos ter sido esta a melhor fase da vida artística do pintor e também o momento em que os arquitectos lhe reservaram espaços de grande nobreza, permitindo-lhe dar azo à sua vertente patriótica. Trabalhou de uma forma ímpar, articulando os elementos graníticos (molduras) com os azulejos, criando, no entanto, muitas vezes as suas próprias molduras em azulejo com diferentes motivos.
Entre 1929 e 1932 Jorge Colaço elabora os painéis que vão ornar as igrejas dos Congregados e Santo Ildefonso, no Porto.


[1] - COLAÇO, Jorge (1933) – “A Arte da decoração em azulejo. Porque me decidi pintar como pinto”, in Cerâmica e Edificação, Vol. I, Lisboa.
[2] - PEREIRA, Paulo (Dir.) – História da Arte Portuguesa, Vol. III, Ed. Círculo de Leitores, Lisboa.
[3] - AMORIM, Sandra Araújo de (2001) – Azulejaria de Fachada na Póvoa de Varzim (1850-1950), Póvoa de Varzim.
[4] - MECO, José (1985) – Azulejaria Portuguesa, Lisboa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário