quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FORJÃES NA ROTA AZULEJAR DO MESTRE JORGE COLAÇO - I


FORJÃES NA ROTA AZULEJAR DE JORGE COLAÇO






Quem foi Jorge Colaço?
(1868-1942)

Jorge Colaço nasceu a 26 de Fevereiro de 1868 no Consulado de Portugal em Tânger. Era filho de D. Virgínia Rey Colaço e de José Daniel Colaço, 1. ° Barão de Colaço e Macnamara, também este um grande artista plástico[1].
O seu casamento, em 1898, com D. Branca de Gonta, poetisa e escritora ilustre, filha mais velha do poeta e estadista Tomás Ribeiro, fixa-o em Lisboa onde nasceram os seus três filhos: o poeta, dramaturgo e incisivo humorista Dr. Tomás Ribeiro Colaço, falecido no Rio de Janeiro em 1965; a escultora Ana de Gonta Colaço, discípula de Costa Mota e José Neto, em Lisboa, e que em Paris estudou na Academia Julien com o célebre escultor Landowsky; e da Senhora D. Maria Cristina de Gonta Colaço de Melo Aguiar. Era primo da grande Senhora do Teatro Português D. Amélia Rey Colaço Robles Monteiro.
Faleceu em Caxias, no Lagoal, em 23 de Agosto de 1942.
É descendente de uma família portuguesa, radicada em Marrocos desde o final do Século XVI. Neto de Jorge José Colaço que foi Cônsul-Geral de Portugal naquele País.
Desde muito jovem, Jorge Colaço mostrou decidida vocação para as artes plásticas. Logo que terminou os estudos preparatórios na Escola de Lisboa, partiu para Madrid onde estudou pintura tendo sido discípulo de Laroche e de Fontan.
Em 1886, subsidiado pelo Conde Daupias, fixa-se em Paris, onde permaneceu sete anos tendo frequentado as aulas do célebre pintor F. Cormon. Em 1893 é admitido ao Salon, o que nessa época era uma honraria disputada pelos artistas, e raramente concedida a estrangeiros. Era como que o mais idóneo atestado de pintor consagrado.
Regressa a Tânger e ingressa, embora sem êxito, na carreira diplomática, cargo hereditário da família, tendo sido nomeado vice-cônsul de Portugal. Só conheceu p desânimo e concluiu que esse não era o seu futuro. Em 1896 rescindiu o contrato e resolveu dedicar-se à arte por inteiro e tenta obter fortuna no Brasil. Já nesta altura os seus méritos de caricaturista eram já devidamente apreciados. Foi nomeado Director do Suplemento Humorístico do jornal “O Século”, cargo que desempenhou durante 10 anos (1897/1907).
Os seus lápis e pincéis foram muitas vezes, movido pela sinceridade das suas convicções políticas, motivo de críticas mordazes e dolorosas, no entanto deram-lhe, também, lugar destacado no campo do humorismo português.
Não foi só com o humorismo que Jorge Colaço se destaca. Dedicou-se à pintura a óleo e o mérito dos seus trabalhos, geralmente encomendados por entidades oficiais ou particulares — hoje alguns em galerias públicas valeu-lhe em 1902 a medalha da Sociedade Nacional de Belas-Artes, agremiação de que foi um dos mais activos e decididos fundadores e a que presidiu durante seis anos, quatro dos quais seguidos (1905/1909) e de que foi também Presidente da Assembleia Geral num período de três anos, e ainda a honra de ver inaugurada pelo Rei e Família Real espanhola a exposição das sua obras realizadas em 1915, em Madrid[2].
Mas raros são os artistas que podem, entre nós, viver apenas das artes maiores e Jorge Colaço começa a dedicar a sua atenção ao azulejo criando uma nova modalidade de processos técnicos. Graças à sua formação cultural histórica e nacionalista, Colaço consegue traduzir de uma forma impressionante para a azulejaria os seus temas favoritos em decorações murais. Algumas das suas criações foram premiadas em 1908 com a primeira medalha da Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa e com a medalha de honra na Exposição do Rio de Janeiro onde foi como delegado do Governo por indicação unânime dos artistas portugueses.
Esses grandes e notáveis painéis de azulejos espalhados por todo o país, em residências particulares, pavilhões, edifícios e jardins públicos, passaram além-fronteiras, e Jorge Colaço está representado no Palácio de Windsor, por um tríptico alusivo à visita da Rainha Alexandra a Portugal, feito por encomenda do Marquês de Soveral; no Palácio da Sociedade das Nações em Genebra, no Hospital Modelo da Maternidade de Buenos Aires, no Palácio do Presidente Marechal Monreal em Cuba; em residências particulares brasileiras de Teresopolis, S. Paulo e Rio de Janeiro; em Cuba e no Uruguai.


[1] - Esta pequena Biografia foi elaborada com base nos textos inseridos no Catálogo da Exposição Comemorativa do Primeiro Centenário do Nascimento de Jorge Colaço, que decorreu no Palácio das Galveias em Junho e Julho de 1968.
[2] - PAMPLONA, Fernando de – Dicionário de Pintores e Escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal, Vol. III, Ed. Livraria Civilização.

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