quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FORJÃES NA ROTA AZULEJAR DO MESTRE JORGE COLAÇO - IV


OS PAINEIS
A sua localização no Centro Cultural de Forjães

1 – ÁTRIO de ENTRADA

Tapete estampilhado com motivos florais
A – Azulejo com padrão tipo Arte Nova, relevados, produzidos, possivelmente, pela Fábrica Sacavém.
A – Padrão estampilhado formado por quatro azulejos. São motivos florais, de cor castanha, amarela e verde, entrelaçados por um cordão azul.

Estamos em crer que Jorge Colaço tenha trabalhado os painéis aqui colocados na Fábrica de Aleluia, em Aveiro, pois nesta mesma data estava a concluir, nesta mesma unidade fabril, os que decoram a Estação Ferroviária de Santarém.
No hall de entrada do edifício encontramos dois painéis, um no alçado nascente e outro no alçado poente, de padrão repetido, em forma de tapete, estampilhado, apresentando motivos florais.

2 – PAINEIS HISTORIADOS

O primeiro quartel do século XX representa uma fase em que é frequente o recurso à decoração manual dos azulejos, apresentando motivos figurativos como que uma reacção às novas correntes artísticas.
PAINEL DA QUINTA DE CURVOS
Encontramos quadros ou cenas rurais, paisagens bucólicas, motivos de carácter etnográfico.
Caracterizam-se, tecnicamente, por pinturas de cobalto sobre óxido de estanho.
Como exemplo temos os paineis executados para as fontes da Quinta de Curvos, em Forjães.
Para quatro salas de aula foram encomendados a Jorge Colaço 10 paineis historiados, ocupando seis deles todo o alçado onde foram colocados.
Quatro deles são formados por 280 azulejos com mais 168 para a respectiva moldura, ocupando uma área com cerca de 10 m2 (Aljubarrota, Ceuta, Ormuz e Ourique).
Para além da moldura (A), cada quadro está envolvido por um friso (B) de azulejos estampilhados.

PAINEL 1 – O ADAMASTOR
O MOSTRENGO

Estamos perante o episódio da mais genial inspiração e profundo significado de “Os Lusíadas”. Trata-se do diálogo entre Vasco da Gama e o Adamastor ou seja, entre o Homem e o Mundo desconhecido.

LEGENDA:
“ Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.”

Lusíadas, Canto V, EST. 39

PAINEL 2 – “O TRITÃO” e “O PILOTO CRISTÃO”

QUADRO A e B

QUADRO A

“ Nos ombros de um Tritão, com gesto aceso,
Vai a linda Dione furiosa;
Não sente quem a leva o doce peso,
De soberbo com carga tão formosa.
Já chegam perto donde o vento teso
Enche as velas da frota belicosa;
Repartem-se e rodeiam nesse instante
As naus ligeiras, que iam por diante.

Lusíadas, Canto II, Est. 21
QUADRO B

Em 14 de Abril de 1498, chega Vasco da Gama a Mombaça. Seguiu depois para Melinde. Aí pediu ajuda de um piloto natural daquelas paragens. Foi-lhe facultado um piloto cristão e daí dirigiu-se a Calecute – terra de cristãos.

“ Outras palavras tais lhe respondia
O Capitão, e logo, as velas dando,
Para as terras da Aurora se partia,
Que tanto tempo há já que vai buscando.
No piloto que leva não havia
Falsidade, mas antes vai mostrando
A navegação certa; e assim caminha
Já mais seguro do que dantes vinha.

Lusíadas, Canto VI, Est. 5
 


 Manuel Albino Penteado Neiva

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