OS PAINEIS
A sua localização no Centro Cultural de Forjães
1 – ÁTRIO de ENTRADA
Tapete estampilhado com motivos florais |
A – Azulejo com padrão tipo Arte Nova, relevados, produzidos, possivelmente, pela Fábrica Sacavém. |
A – Padrão estampilhado formado por quatro azulejos. São motivos florais, de cor castanha, amarela e verde, entrelaçados por um cordão azul. |
Estamos em crer que Jorge Colaço tenha trabalhado os painéis aqui colocados na Fábrica de Aleluia, em Aveiro, pois nesta mesma data estava a concluir, nesta mesma unidade fabril, os que decoram a Estação Ferroviária de Santarém.
No hall de entrada do edifício encontramos dois painéis, um no alçado nascente e outro no alçado poente, de padrão repetido, em forma de tapete, estampilhado, apresentando motivos florais.
2 – PAINEIS HISTORIADOS
O primeiro quartel do século XX representa uma fase em que é frequente o recurso à decoração manual dos azulejos, apresentando motivos figurativos como que uma reacção às novas correntes artísticas.
PAINEL DA QUINTA DE CURVOS |
Encontramos quadros ou cenas rurais, paisagens bucólicas, motivos de carácter etnográfico.
Caracterizam-se, tecnicamente, por pinturas de cobalto sobre óxido de estanho.
Como exemplo temos os paineis executados para as fontes da Quinta de Curvos, em Forjães.
Para quatro salas de aula foram encomendados a Jorge Colaço 10 paineis historiados, ocupando seis deles todo o alçado onde foram colocados.
Quatro deles são formados por 280 azulejos com mais 168 para a respectiva moldura, ocupando uma área com cerca de 10 m2 (Aljubarrota, Ceuta, Ormuz e Ourique).
Para além da moldura (A), cada quadro está envolvido por um friso (B) de azulejos estampilhados.
PAINEL 1 – O ADAMASTOR
O MOSTRENGO |
Estamos perante o episódio da mais genial inspiração e profundo significado de “Os Lusíadas”. Trata-se do diálogo entre Vasco da Gama e o Adamastor ou seja, entre o Homem e o Mundo desconhecido.
LEGENDA:
“ Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.”
Lusíadas, Canto V, EST. 39
PAINEL 2 – “O TRITÃO” e “O PILOTO CRISTÃO”
QUADRO A e B |
QUADRO A
“ Nos ombros de um Tritão, com gesto aceso,
Vai a linda Dione furiosa;
Não sente quem a leva o doce peso,
De soberbo com carga tão formosa.
Já chegam perto donde o vento teso
Enche as velas da frota belicosa;
Repartem-se e rodeiam nesse instante
As naus ligeiras, que iam por diante.
Lusíadas, Canto II, Est. 21
QUADRO B
Em 14 de Abril de 1498, chega Vasco da Gama a Mombaça. Seguiu depois para Melinde. Aí pediu ajuda de um piloto natural daquelas paragens. Foi-lhe facultado um piloto cristão e daí dirigiu-se a Calecute – terra de cristãos.
“ Outras palavras tais lhe respondia
O Capitão, e logo, as velas dando,
Para as terras da Aurora se partia,
Que tanto tempo há já que vai buscando.
No piloto que leva não havia
Falsidade, mas antes vai mostrando
A navegação certa; e assim caminha
Já mais seguro do que dantes vinha.
Lusíadas, Canto VI, Est. 5
Manuel Albino Penteado Neiva
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