terça-feira, 13 de setembro de 2011

O CAMINHO DE SANTIAGO NO CONCELHO DE ESPOSENDE - UM CORREDOR CULTURAL –

Por: Manuel Albino Penteado Neiva

IV
DE GEMESES A S. PAIO DE ANTAS


"Entrai...
Senhora do Lago
Sois da casa: Em boa hora,
Daí a Bênção aos que chegam,
Mais a quem se for embora. "
(António Corrêa de Oliveira)

Estamos em Gemeses.
Caminho do Barqueiro
Passado o Rio Cávado acostamos no velho “Porto Gonduffi”, mesmo ao pé da vetusta Capelinha de Nossa Senhora do Lago, quiçá um dos locais mais edílicos do concelho de Esposende. Este espaço chamou-se, outrora, Largo Conselheiro Campos Henriques[1], hoje denomina-se Largo da Barca.
"...pare, companheiro amigo! Acabamos de entrar numa das mais formosas salas de visita do concelho! Sentemo-nos aqui neste banco de sílex puro e admiremos esta paisagem de sonho. Está a ver como as prateadas taínhas, ali no joelho do rio, saltam ao lume da água?"[2].
Desde sempre este local inspirou Poetas e Trovadores, Músicos e Pintores. Aqui se juntaram tertúlias de eruditos e investigadores, famílias aristocráticas e muito, muito povo anónimo que aqui acorria e acorre para usufruir das belezas naturais assim como beneficiar da áurea protectora de Nossa Senhora do Lago e de Santo Ovídeo.
Joaquim Leitão chamou-lhe “ lugar poético" e aconselhava o visitante a "ir vê-lo à vela pelo Cávado, espreitando o sorrir da maré".
Manuel de Boaventura fala deste lugar assim[3]:
 “Chegadinhas à borda – d'água as casas fidalgas, dos senhores de outras eras; mais chegada, ainda, a mesquinha casinhota do barqueiro (...). Depois, a Capelinha da Senhora do Lago (...); e logo, a vizinhar – a Estalagem – a famosa Estalagem da Barca do Lago, que certa Cristina Josefa, no último quartel do século de setecentos, ali fundou, para servir os viandantes (...).
Hoje, lá continua a Barca do Lago, mas sem a tradicional barca, sem estalagem, sem casas senhoriais – apenas o lugar onde a maior parte dessas casas se tornaram vivendas de gente de bens, para umas férias agradáveis! A célebre estalagem, há cerca de cem anos desaparecida, passou a mansão, onde turistas ingleses vêm passar os dias quentes do Estio. No Inverno, a Barca do Lago vive quase despovoada...”.
Em 1766 foi levantado aqui um padrão com os seguintes dizeres:
Este padrão mandou erguer à sua custa João de Vasconcelos de Melo, foi o senhor da Quinta da Barca do Lago e da Honra de Palmeira de Faro, como administrador e Presidente que é desta Barca do Lago, mandando nele gravar a inscrição seguinte, que a dita barca é de Amor de Deus para qualquer pessoa que por ela passar, assim de pé como de cavalo, não pagando coisa alguma, excepto os carros que não forem de Confrades, que esses pagarão 40 reis de cada vez, indo carregados, e vazios 10 reis; também nada pagarão de gado, de qualquer casta que seja.[4]
Aqui viveu o Poeta Medieval Fernão do Lago, aqui escreveu excelentes Cantigas de Amigo dedicadas a Nossa Senhora do Lago[5].
No Largo Barca do Lago deparamos desde logo com o Solar da Família Felgueiras Gayo.
Localiza-se mesmo junto à rampa das embarcações, quase que adoçada, pela parte traseira, à Capela de Nossa Senhora do Lago.
Possui num dos cunhais a pedra de armas, assente numa cartela decorativa, datadas do século XVIII, com Heráldica de Família e timbre de Coronel de Nobreza[6], de composição esquartelada, pertencente às Famílias: I – VASCONCELOS / II – GAIO / III- MELO / IV – PEREIRA.
Pertenceu a José Machado Paes de Araújo Felgueiras Gayo, casado com sua prima Rosa Maria do Lago Felgueiras Gayo, que era senhora da Casa da Fervença, em Gilmonde. Este casal era senhor da Quinta da Torre, em Palmeira de Faro e aí nasceu, em 21 de Dezembro de 1865, o seu filho Carlos Alberto Machado Paes de Araújo Felgueiras Gayo [7] que herdou o vínculo da Casa da Fervença e da Casa da Barca do Lago. Recebeu das mãos de D. Carlos, em 1905, o título de Visconde da Fervença. Casou com Cândida Gomes Vinha[8], em 17 de Janeiro de 1900[9].
Em 12 de Agosto de 1876, José Machado Paes Felgueiras Gaio solicitou ao Tabelião Thomaz de Miranda Sampaio, lhe passasse uma Pública Forma da doação da passagem da barca à sua família.
Imediatamente a seguir aparece a Capela de Nossa Senhora do Lago.
Não há dúvidas quanto à existência desta ermida em tempos mediévicos. Em 1290, nas Inquirições de D. Dinis, diz-se que “...em Soutello e em Santaes há hy dom Fernandu Periz hua quintaa e trees casaaes. E achey que ora des dez anos a ca faz honrra della vem da agua contra Santa Maria de Lago e sam sete homees os que la mete[10]. Neste local foram encontrados dois vestígios, um ainda no interior da Capela e o outro guardado no Museu de Arte Sacra, em Esposende, que são motivo para filiarmos esta pequena capela no movimento românico do séc. XIII.
Assim, no interior da Capela encontra-se uma Pia Baptismal de recorte românico e no Museu uma empena medieval, representado um touro, elemento muito tradicional na arquitectura medieval[11].
No Tombo de 1592 diz-se que “...Item esta Igreja de Gemeses anexa a Ermida de Nossa Senhora do Lago que está junto ao dito o rio do Cávado e de meio nos limites da dita Igreja[12]. 
Curiosamente e quando estudamos a Procuração / Doação que a Irmandade da Barca fez a Manuel Carneiro Gaio, em 1635, nela se diz que “...per sua devosão, mandaram estes fidalgos fazer na Sua Quinta da Barca, uma capela cuja hembocasão he emsalltasão da santa Crus he nosa snora do llaguo a pellegrina “, dotando a Capela com “...hestallages que tem na barca do llaguo jumto a pasage da dita barqua ...”.
No ângulo que a sacristia faz com o corpo da capela, voltada à estrada, há uma lápide com a epígrafe datada de 1732 “...SOLI. DEO. HONOR. ET. GLORIA. lTIM.VR. ANO. MDCCXXXII. ANTONIO A COSTA “. A fachada é decorada com dois florões que se erguem lateralmente e, no cento, é rematada por uma cruz assente num plinto facetado. Na parede sul ergue-se um pequeno arco sineiro, rematado, também, por uma cruz.
 Quase em frente à porta principal da Capela erguem-se as Alminhas da Barca do Lago[13], datáveis do século XVIII.
Trata-se de um conjunto “ elegante e majestoso” na sua composição, de granito em cantaria bem trabalhada. Possui um nicho amplo, a lembrar uma pequena capela. Tem forma rectangular e arco redondo com molduras a sugerir bases e capitéis. Lateralmente o conjunto foi enriquecido com pilastras, emolduradas, sobre as quais assenta o frontão que remata com volutas ao nível do fecho. A cobri-lo, um pequeno telhado. No interior, protegido por uma grade de ferro, há um altar em pedra, emoldurado sobre o qual está assente o retábulo em madeira, Nele estão pintados Cristo Crucificado ladeado por N. Senhora do Carmo e Santo António. Aos pés da cruz, com a balança na mão, está S. Miguel e mais abaixo dois anjos que vão retirando almas do Purgatório. Numa legenda, presente na parte inferior do painel, poder-se-á ler a seguinte legenda[14]: “ Ó vós que ides passando lembrai-vos / De nós que estamos penando “.
Com o portal armoriado e virada para a Capela da Senhora, outra casa senhorial marca presença. Estamos a falar do Solar dos Machados.
Ocupa um dos sítios mais pitorescos e surpreendentes de beleza do nosso formoso Minho, o único solar dos Machados, Mirandas, Pereiras e Villas-Boas, conhecido neste concelhosobresahe majestosa e severa, num amarelado tom de antiguidade medieval a torre do solar da Quinta da Barca do Lago”.
O acesso a esta solarenga habitação, nomeadamente ao seu pátio exterior, faz-se por um portal, de imponente arquitectura, coroado com o brasão de família, gravado em pedra, e encimado por altas ameias.
O Brasão diz-nos que este solar pertenceu aos descendentes dos MACHADOS, MIRANDAS, PEREYRAS E VILLAS-BOAS[15], famílias da mais alta linhagem que ocuparam cargos de governança quer no concelho, quer a nível da região. Este brasão foi registado no Livro de Privilégios da Câmara Municipal de Esposende, em 10 de Setembro de 1743[16], assim como no Livro dos Brasões da Nobreza de Portugal[17]. A Carta de Brasão de Armas foi passada a 12 de Novembro de 1743 [18] e dada pelo Rei D. João V.
Dele se faz a seguinte descrição “... O Elmo e timbre como no fim se descreve, e o brasão como fiel e verdadeiramente se achou divisado nos livros de registo de Armas dos nobres e fidalgos deste reino, e a seguir se descreve um escudo esquartelado: no primeiro quartel as armas dos MACHADOS em campo sanguíneo, sendo os machados de prata com cabos de ouro; no segundo quartel a dos MIRANDAS que são em campo de ouro uma aspa sanguínea entre quatro flores de liz verde; no terceiro quartel, a dos PEREIRAS que são em campo sanguíneo uma cruz de prata florida e vazia de campo; no quarto quartel a dos VILLAS-BOAS que são esquarteladas tendo no primeiro quartel em campo sanguíneo um castelo de prata comportas de preto e do meio saem um ramo de palma verde; no segundo quartel em campo azul um drago de prata com rabo retorcido armado de púrpura. Elmo de prata aberta guarnecido de ouro paquife dos metais e cores das almas. O Timbre é dos MACHADOS, a saber: dois machados em aspa, atados com um cordão sanguíneo e por diferença uma brica de ouro com um trifólio verde = “.
Aquando as Invasões francesas, de princípios do século XIX, este solar serviu de Quartel-general às tropas do General Soult.
 Ainda no Largo da Barca temos a casa da Quinta da Barca do Lago (Pereira da Costa), Possui na sua frontaria a seguinte inscrição, em pedra mármore, com letras douradas -  Casa onde nasceu em 29 de Maio de 1818 José Pereira da Costa (exportador de vinhos). Falecido no Porto em 18 de Novembro de 1898 “.
Entremos na Rua P.e Sá Pereira e logo à frente encontramos o Cruzeiro da Barca. De arquitectura simples e sem arte, foi para ali mudado de um terreno que ficava dentro da Quinta das Pereiras do Costa[19].
Adoçadas a uma das casas tradicionais de Gemeses, que pertenceu a D. Ida das Eiras, onde se destaca o xisto e o granito na sua construção e a grande chaminé a ocupar na totalidade uma das paredes da habitação, estão as Alminhas de Santo Ovídeo.
São constituídas por um único bloco granítico, com um nicho rectangular de arco contracurvado rematado por uma cruz de braços simples. Poderão ser datáveis do Séc. XIX.
Na Rua P.e Sá Pereira, à esquerda, ergue-se o Cruzeiro de Santo Ovídeo. Trata-se de um monumento de traça recente pese embora a grande tradição desse lugar ao culto de Santo Ovídeo. Não longe deste cruzeiro, e já na Freguesia de Gandra, existe uma Capela cuja invocação é Nossa Senhora de Guadalupe. Esta ermida foi fundada por voto dos Gandrenses, em meados do século XVI, por motivo das epidemias que grassaram nesta zona entre 1505 e 1579.
Voltemos ao Cruzeiro de Santo Ovídeo.
Nesse mesmo local, virando ligeiramente à direita, entremos na Travessa da Tomadia. Estamos a decalcar a antiga Estrada Real. Passa-se por entre campos de cultivo e pinhal, perto dos limites da Freguesia de Gandra. Este troço denota bastante abandono e, em determinado sítio foi substituído por uma via que corre paralela ao IC1 até à Bouça do Preto, já nos limites de Palmeira de Faro. O topónimo Palmeira é demais evidente quanto à sua ligação a peregrinos. Liga-se estritamente à invocação de Santiago. Provém do bordão de palma que os peregrinos usavam como símbolo da sua longa jornada.
Estamos em Marinhas.
Estrada Real
Atravessando a Estrada Nacional 103-1 (Esposende – Barcelos), segue-se em frente (Estrada Municipal 551) tomando a Rua do Marco. Já no lugar de Góios (Marinhas), na bifurcação de estradas junto ao marco do Cabido de Braga (data de 1813) tomar a rua da direita – Rua da Estrada Real. A poucos metros deste ponto de bifurcação ergue-se a Capela de S. Roque[20], fundada entre o séc. XIV e XVI[21].
Retomamos a Estrada Real em direcção a norte. Olhando à direita sobressai o Monte de Faro, uma atalaia bem referenciada em documentação medieval.
No lugar da Gatanheira (Marinhas) cruza-se a Estrada Municipal 550 (Esposende – Vila Chã). Em frente continua-se na Estrada Real. Olhando à direita, mais uma vez a imponente arriba fóssil de S. Lourenço chama-nos à atenção. Altaneira, a Capela do Bem-Aventurado e Mártir S. Lourenço (Vila Chã) é uma referência obrigatória. Edificada antes do século XVI, assenta sobre um povoado da Idade do Ferro. O Castro de S. Lourenço[22], uma das mais importantes estações arqueológicas da região, merece uma visita[23].
Continuando a caminhar na Estrada Real, do lado esquerdo o lugar de Pinhote (Marinhas). Aqui venera-se, na sua Capela edificada em 1728, o fundador da Ordem Beneditina, S.Bento[24]. Prosseguindo, vamos encontrar o Caminho Municipal 1012 (Marinhas – Vila Chã) designado por Rua da Abelheira. Viramos à direita nesse arruamento em direcção aos velhos moinhos e azenhas. Estamos perante um dos paraísos das tecnologias tradicionais. Centenários moinhos de vento, azenhas copeiras, engenhos de serração de madeira, engenhos de triturar o linho, marcam uma actividade tradicional há muito perdida. Estas pequenas “fábricas” são referenciadas em documentação de 1549.
Moinhos de Abelheira
Depois de passar na encosta dos moinhos, vira-se à esquerda entrando na Rua do Cancelinho. Cruza-se o Rego de Peralta a quem se deve a força motriz para fazer girar as rodas copeiras das azenhas. Ao encontrar um cruzamento, virar à direita na Rua da Estrada Velha. Entra-se na Rua do Marco que nos conduz através do Lugar de Rio de Moinhos (Marinhas). Muito próximo deste arruamento, do lado esquerdo, foi erigida em 1603 a Capela de Nossa Senhora das Neves, outrora Nossa Senhora de Monserrate[25]. Ainda na Rua do Marco, e virados a nascente, bem no alto da arriba, deparamos com uma Capelinha cuja invocação é Nossa S.ra da Paz. É de construção recente[26]. No entanto, nesse mesmo cabeço, localiza-se um pequeno habitat da Idade do Ferro.
Depois de percorrer a Rua do Marco, encontramos o limite de Marinhas com a freguesia de S. Bartolomeu do Mar. Mais uma vez um marco do Cabido de Braga (1813) estabelece esta divisória.
Estamos em S. Bartolomeu do Mar.
Entramos pela Rua da Estrada Real.
Estamos na freguesia onde se celebra a 24 de Agosto a festa em honra de S. Bartolomeu, com o tradicional Banho Santo e a oferta do frango negro[27].
A Rua da Estrada Real atravessa a totalidade da freguesia de Sul a Norte, até ao limite desta com a de Belinho. Este limite é assinalado com um interessante Marco que ostenta as Armas da Real Casa de Bragança.
Estamos em Belinho.
 Num Livro de Óbitos de Belinho lê-se: “Faleceu da nação Alemanha, Católico Romano, aos dezanove dias do mês de Outubro de 1777 anos, vindo de Santiago da Galiza, nesta freguesia sem sacramentos por ser de repente e chamando-me para o confessar fui logo com o chamador e achei já falecido. Foi sepultado dentro desta igreja de S. Pedro Fins de Belinho”.
Entramos e seguimos pela Rua do Marco do Rei, até ao cruzamento da Rua Padre Almeida. Aqui viramos à direita por este arruamento. À nossa direita corre a arriba fóssil e ao iniciar-se Belinho, deparamos com o primeiro cabeço que é chamado Monte das Aras. Certamente um topónimo indicativo de que por aí floresceram antigos cultos ou se edificaram túmulos megalíticos. Também neste mesmo correr, existiu na Cova da Bouça, um habitat castrejo da Idade do Ferro. Vislumbram-se ainda vestígios da primitiva muralha, construída à base de grandes blocos graníticos, e de algumas casas de planta circular. Aqui apareceu uma espada de tipo “argárico” e dois machados de bronze, depositados num Museu em Braga.
Virar à esquerda na Rua do Cruzeiro. Logo a seguir vamos encontrar o Cruzeiro da Velha (Séc. XVIII). Este monumento localiza-se num pequeno largo, na berma do primitivo caminho – Estrada Velha. É composto por uma base com três degraus sobre a qual assenta um plinto de forma quadrangular. Em cima deste ergue-se um fuste liso, encimado por um capitel globular decorado com motivos florais e geométricos. É rematado por uma cruz simples.
Nesse pequeno largo virar à direita na Rua Padre Rodrigues até cruzar a Avenida da Igreja. Seguir em frente pela Rua Padre Albino Alves Pereira – antiga Estrada Velha, até atingir a Rua de Santo Amaro. Aqui, para além de casas de arquitectura tradicional, vamos encontrar a Capela de Santo Amaro[28], já na Rua Padre Avelino Alves Sampaio. Esta devoção está muito ligada aos Caminhos de Santiago. Aliás dele se diz que foi o primeiro romeiro do paraíso terreal e, depois, peregrino de Santiago. Está ligado à cura de doenças das pernas e dos pés. Esta Capela é de arquitectura bastante simples, sem elementos que a possam enquadrar em qualquer estilo. Possui, na cruz que se ergue na empena do altar, a data de 1671.
Belinho
Retomemos a Rua Padre Avelino Alves Sampaio até à próxima bifurcação de Estradas.
Num pequeno desvio à direita, no lugar da Portela, vamos encontrar, num pequeno outeiro, a pequena Capela de S. Cristóvão[29]. A sua fundação remonta a 1553, tendo sido instituidor o P.e António Barbosa, Abade de Santa Leocádia de Geraz do Lima e Abade de Belinho em 1523. É de arquitectura simples, com a porta manuelina virada para poente. No seu interior existe uma pedra tumular com a data de 1635. Mesmo em frente a esta Capela ergue-se o Monte da Cividade, um povoado da Idade do Ferro[30].
Aí seguimos pela esquerda, pela Rua José Gonçalves Pereira de Barros. Logo a seguir, à direita, tomemos a Rua Barão de Maracaná. A facetar com o início desta rua vamos encontrar o Solar da Paia – residência do Barão de Maracaná[31]. Esta casa solarenga foi mandada edificar em 1884.


[1] - Reunião de Câmara de 30 de Agosto de 1902.
[2] - CUNHA, Boanerges – Passeia Turístico, in “Vila e concelho de Esposende no IV Centenário”, Esposende, 1972
[3] - BOAVENTURA, Manuel de (1960) – Zé do Telhado no Minho, Barcelos.
[4] - VIEIRA, José Augusto (1887) – Minho Pitoresco, Tomo II.
[5] - NEIVA, Manuel Albino Penteado (2003) - Gemeses: Terra de Passagem, Ed. Fábrica da Igreja de Gemeses, Gemeses. Neste livro foi dedicado um capítulo especial dedicado ao Poeta Fernão do Lago.
[6] - NÓBREGA, Artur Vaz-Osório da – Pedras de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga (Heráldica), Vol. VI: Concelhos de Barcelos (Além-Cávado) e Esposende, Braga, 1977
[7] - Faleceu a 11 de Setembro de 1943, na Casa da Barreta, em Barcelos.
[8] - Faleceu em 26 de Agosto de 1914, na Casa da Fervença.
[9] - TRIGUEIROS, António Júlio Limpo, et. al. – Barcelos Histórico Monumental e Artístico, Braga, 1998.
[10] - A.N.T.T. – Inquirições de D. Dinis, L.º 1 – D’Além Douro, fl. 94, 157 e 268
[11] - NEIVA, Manuel Albino Penteado Neiva; COUTINHO, Manuel Alves – Estátua Zoomórfica de Gemeses – Esposende: Um Touro Proto-Histórico, Esposende, 1982 
[12] - A.D.B. – R. G. L.º N.º 4 
[13] - NEIVA, Manuel Albino Penteado - Esposende. Páginas de Memórias. Esposende, 1991.
[14] - ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de – Levantamento cultura, no âmbito do PDM.
[15] - VIEIRA, José da Silva – Caderno de Apontamentos para a História do Concelho de Esposende, II Série, Esposende, 1917
[16] - A.M.E. – Livro de Registo de Privilégios
[17] - Livro IX do Registo de Brasões da Nobreza de Portugal., fl. 222
[18] - Esta Carta de Brasão de Armas foi passada a Manuel Machado de Miranda Pereira, Sargento-Mór de Esposende.
Era filho de Bernardo Ferreira Machado e de Urbana Pereira de Vilas-Boas , sendo esta, por sua vez, filha de Francisco Pereira e bisneta de Miguel Pereira do Lago.
[19] - Manuel Alves Coutinho – Monografia de Gemeses: Para a História da Barca do Lago: Cruzeiros, in “ Nascer de Novo”, Ano III, N.º 28 (Abr. 1982)
[20] - Roque de Montpellier (16 de Agosto). Nasceu em Montpellier nos meados do século XIV. Segundo os hagiologistas, tinha uma marca de nascença no peito com uma forma de cruz, em vermelho – daí o seu nome Roc, de “rouge”. Ficou muito cedo órfão e a seguir desfez-se de todos os seus bens a favor dos pobres e dos hospícios. Foi depois como peregrino a Roma. No seu regresso procurou dar assistência a empestados. Contraiu esta terrível peste ficando com o corpo cheio de chagas. Sentiu-se abandonado e passou a ser alimentado por um seu vizinho que lhe mandava, diariamente, o seu pão por um cão. Curado, voltou à sua terra onde já ninguém o conhecia, acabando por ser preso. Morreu no cárcere aí por 1397. Iconograficamente aparece vestido de Peregrino, com bordão, chapeirão, cabaça e sacola. Mostra na sua perna a ferida pestilenta e, ao seu lado, o seu fiel amigo o cão que lhe levava a comida. (TAVARES, Jorge Campos (1990) – Dicionário de Santos …, Ed. Lello e Irmão, Porto).
[21] - Esta Capela enquadra-se num espaçoso largo fronteiro. A sua arquitectura poder-se-á enquadrar num estilo chão ou pré-barroco. A encimar a porta principal com volutas, voltada a poente, abre-se um nicho com a imagem de S. Roque, em granito.
[22] - ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de; CUNHA, Rui M. Cavalheiro da (1997) – O Castro de S. Lourenço: Vila Chã (Esposende), Ed. Câmara Municipal de Esposende, Esposende.
[23] - NEIVA, Manuel Albino Penteado (1999) – Vila Chã: Uma Terra Milenar, Ed. Junta de Freguesia, Vila Chã
[24] - É uma construção simples, de alvenaria a descoberto, de planta rectangular. A sua erecção deve-se a Pascoal Gomes de Aguiar e a sua mulher Brígida Maria Pimentel. A sua fachada é simples, rematada por um frontão encimado por uma cruz. A ladear a porta principal, dois postigos permitem a entrada ténue de luz.
[25] - Este templo está enquadrado num adro delimitado por um muro de granito, bem aparelhado, com pedestais encimados por esferas, nas entradas do mesmo. A Capela possui um pórtico neo-clássico com frontão triangular. Muito próximo ergue-se o cruzeiro assente numa base de cinco degraus, com fuste cilíndrico e capitel encimado por uma esfera rematada por uma cruz florenciada.
[26] - Foi mandada edificar pelo Padre Anselmo Boaventura Rego – Conde de Madimba, em 1946.
[27] - Em S. Bartolomeu do Mar aconselha-se a visita à velha Igreja Paroquial, local onde foi preso o estadista liberal, Ministro do Reino e Príncipe dos Jornalistas, António Rodrigues Sampaio. Também, e junto à actual Igreja Paroquial, é de referenciar o Menhir ou Estátua Menhir aqui existente.
[28] - AMARO (Mauro de Glanfeuil – 15 de Janeiro) – Terá nascido em Roma por volta de 510 e morrido em Glanfeuil (Anjou) em 584. Foi discípulo de S. Bento e fundou em 528 a Abadia de Monte Cassino. Iconograficamente apresenta-se vestido de frade com o capuz e tem como atributo um báculo abacial e uma muleta.
[29] - CRISTOVÃO (25 de Julho) – Trata-se de um santo lendário. Terá sido convertido por S. Bartolomeu e desejando servir a Deus, fez-se eremita e colocou toda a sua compleição física para ajudar as pessoas que desejavam atravessar o rio a vau. É protector contra a morte súbita, patrono dos caminhantes e, normalmente as suas capelas localizam-se junto aos rios. Tem como atributo um bastão formado por um ramo de árvore, muitas vezes ramo de palmeira.
[30] - Este povoado foi escavado em 1924 pelo próprio Poeta António Corrêa D’Oliveira, tendo posto a descoberto algumas habitações circulares, lanços de muralha e exumado espólio cerâmico e fíbulas.
[31] - Manuel Gonçalves Pereira de Barros nasceu em S. Paio de Antas (Esposende) em 17 de Março de 1806. Com treze anos de idade, em 13 de Maio de 1819, emigrou para o Brasil a bordo da galera Sociedade Feliz. Aí ganhou fortuna usando-a, em grande parte, em obras de benemerência e altruísmo.

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