RUAS DE ESPOSENDE
II
Rua Narciso Ferreira
NARCISO FERREIRA
Industrial e Benemérito
(1862-1933)
Filho de António Ferreira,
lavrador e de Maria Sampaio, doméstica.
Neto Paterno de Custódio Ferreira
e de Ana Abreu e Materno de Domingos Sampaio e de Francisca Pacheco.
Narciso Ferreira foi, sem dúvida,
o percursor da electrificação industrial. É ele próprio que define a
electricidade como “,,, é assim a modos de uma alma, que ninguém vê, mas que
faz grandes milagres: É uma santa!”.
Com apenas 19 anos de idade
fundou, em Pedome, a sua primeira unidade industrial – uma pequena fábrica com
dois teares manuais, destinados à tecelagem do algodão.
Casa em 1882 com Eva Rosa de
Oliveira, natural de Riba D’Ave e é para aí que transfere a sua pequena
“indústria”.
Adquire nas margens do rio Ave
uma pequena porção de terreno bravio, junto de um pequeno açude, e aí instala a
sua fábrica, aumentado para 18 teares (1890-1894), unidade que, mais tarde se
transforma na firma Sampaio, Ferreira e C.ª L.da. Nesta altura associa-se a
importantes Homens de negócio e da banca alargando a sua acção empresarial a
quase todo o vale do Ave.
Com uma larga visão de
modernidade e de inovação tecnológica, inicia o aproveitamento hidroeléctrico
como força motor para as suas empresas.
Funda, em 1905, na freguesia de
Bairros, a Empresa Têxtil Eléctrica, Lda.
Por sua iniciativa funda a
Companhia Hidroeléctrica do Varosa (Lamego) – o primeiro grande empreendimento
para aproveitamento hidroeléctrico do país. Aliás é devido a este projecto que
muitos concelhos do norte de Portugal, entre os quais Esposende, puderam
usufruir da energia eléctrica pública. Mais tarde esta empresa dá origem à
CHENOP.
Com a fortuna que ia adquirindo
desde logo a colocou ao serviço do bem social dos seus operários, criando
Hospital, Escolas, Creches, Casas para Operários, etc., tudo para promover o
bem social e qualidade de vida daqueles que o ajudaram a prosperar na vida.
Foi Presidente da Câmara
Municipal de Vila Nova de Famalicão e da Associação Comercial e Industrial do
concelho.
Foi agraciado pelo Presidente da
República, em 1 de Março de 1930, com a Grã-cruz de Mérito Industrial.
O Escritor Manuel de Boaventura,
que bem o conhecia, fez dele o seguinte retrato “ … era um velho insinuante e
simpático, de vincada fisionomia sueva, onde uns olhos pesquisadores lampejavam
vivacidade de espírito. Caracterizava-o a rudez do Homem de trabalho, mas uma
rudez simpática, que aproximava e atraía “.
Faleceu em 23 de Março de 1933.
HISTÓRIA DA RUA
1.ª RUA DA FERRARIA
2.ª RUA EMYDGIO NAVARRO
3.ª RUA NARCISO FERREIRA
Tem início na Praça do Município
e termina na Rua João Amândio. Até 1930 esta rua terminava no Largo de Santana,
hoje Largo do Pelourinho.
Esta Rua teve como primeira
designação RUA DA FERRARIA, sendo
uma das primeiras referências toponímicas de Esposende.
É referenciada em 1680 e no levantamento do número de
pescadores existentes nesta vila de Esposende, em 1750, foram aqui registados
22.
Este topónimo não é mais do que o
indicativo do local onde se concentrariam as actividades de apoio ao passante,
àqueles que utilizavam a estrada que conduzia do Porto a Viana do Castelo. Era
mais que normal que nesta rua – Estrada Nacional N.º 1, se situasse a ferraria
ou ferrarias que tão necessárias eram para os cavaleiros e carruagens que por
aqui cruzavam.
Na reunião de Câmara de 17 de
Setembro de 1857 foi apresentado um requerimento de Manuel Gonçalves Gaio “ … pedindo licença para alevantar a casa
pequena da forja que possui na Rua da Ferraria, mas para isso tem necessidade
do recanto que a mesma casa faz e pretendia mais alevantar o muro junto à mesma
casa”. Em 4 de Abril de 1862 esta rua foi arranjada, mais precisamente na
parte sul. As obras realizadas consistiram em “… rebaixá-la até ao fim do passeio e reformar até à esquina do cunhal da
casa do Coxo da parte sul; ladrilhar toda a rua a pedra do monte, mas grande, a
principiar no tranqueiro da porta do caseiro a findar no fim do lajeado que lá
existe, e tem de receber as águas que vem da Cangosta Trás-os-Açougues e
saimento preciso para o lado do sul”. Logo a seguir, em 25 de Janeiro de
1863, a Câmara deliberou dotar esta rua com passeios pela parte do nascente.
Encarregou-se deste trabalho o Mestre Pedreiro Vicente Moimenta. Do caderno de
encargos da obra constava que “… as
pedras tinham que ser inteiriças até onde chegar, até 4 palmos, ou 88 cm e o
que passar será segundo a capacidade da rua e irá parar até à porta do P.e
Luís, de forma que fique igual aos outros passeios já feitos…”
Passou-se a chamar, após 1888,
Emídgio (Emídio) Navarro[1],
Na reunião de Câmara de 9 de
Junho de 1888 o Presidente da Câmara Comendador João Félix de Miranda Magalhães
fez a seguinte proposta: “ Meus senhores
o momento que atravessamos ao mesmo tempo que justifica o alvitre que venho
hoje apresentar-vos é de uma oportunidade que entendo não deve desprezar-se,
São de todos nós conhecidos os dois grandes benefícios que a este concelho e em
especial Esposende e Fão o Governo de Sua Majestade acaba de conceder e por
isso inútil e ocioso se torna relatar e encarecer a sua importância. Quero
referir-me à Ponte sobre o Cávado e à Escola Rodrigues Sampaio. É forçoso
confessar meus senhores que melhoramentos desta ordem e deste alcance dos quais
hão-de, sem dúvida sentir resultados que por tão valiosos mal poderão ainda
prever-se, é forçoso confessar, repito, que os não pode simplesmente obter o
povo (deixem-me assim falar) a importância deste concelho. Não quero com isto
amesquinhar o concelho a que me honro, e todos nós justificadamente nos
honramos de pertencer, concelho que tem sabido sempre manter briosamente a sua
autonomia e procurando atingir o desenvolvimento de que é susceptível e de que
se torna digno. É certo porém de que o valimento privativo de patriotas
distintos e a coadjuvação de vultos eminentes da nossa política são os
verdadeiros factores dos benefícios recebidos, como hão-de sê-lo dos que ainda
a receber. É nosso dever pois, está e consiste sobretudo em sermos gratos; é
indispensável mostrar que a semente dos seus benefícios não vem perder-se em
terreno estéril mas que essa semente há-se encontrar o reconhecimento de todos
e de cada um dos cidadãos deste concelho, para que ela germine e possa rebentar
em novos frutos. Isto porém não é um mero dever, nem um simples direito de um
indivíduo, duma classe ou dum partido; porque quando se trata de vantagens
apetecidas e manifestas para o concelho, desaparece o indivíduo isolado, não há
classe e todos os partidos (porque antes de tudo são patriotas) esquecem a
diversidade de campos políticos para reconhecerem espontaneamente que a luta
mais honrosa é a do bem-estar geral da nossa terra e do nosso berço.
Convenço-me que este pensar é o pensar de todos e de cada um de nós. Se me não
tenho como sendo o menor amante da minha pátria, também me não considero o
maior ou melhor deles, porque sei que a todos nesta ocasião e noutras análogas,
assinam os mais apreciáveis sentimentos de civismo e de amor pátrio.
É pois em virtude das considerações acima feitas que, eu passo a propor
e a submeter À vossa ilustrada apreciação o seguinte que representará agora e
no futuro um tributo merecido de reconhecimento e gratidão para com os
beneméritos a que já acima me referi.
Proponho “ Que à Rua da Ferraria
que liga com a projectada Avenida da Ponte seja denominada RUA EMYGDIO NAVARRO ”[2].
A Câmara aprovou por unanimidade
esta proposta[3].
A partir de 26 de Abril de 1940, e por proposta do
Presidente da Câmara P.e Manuel Sá Pereira, passa a chamar-se RUA NARCISO FERREIRA[4].
OBRAS NA RUA
Tratando-se de uma das ruas mais
movimentadas da então vila, era natural que constantemente necessitasse de
melhoramentos.
Em 18 de Março de 1855 o Mestre
Pedreiro António Francisco, natural de Fão, procedeu ao calcetamento desta rua,
pelo valor de 2760 reis.
Na sessão de Câmara de 23 de
Fevereiro de 1907, o Vice-Presidente José Cândido da Silva Ramos, e dado o
estado deplorável em que se encontrava esta rua, propôs ao executivo que este
enviasse ao Governo uma reclamação urgente para que, através da Direcção das
Obras Públicas, se procedesse ao arranjo daquela via já que não competia à
Câmara fazê-lo pois era, para todos os efeitos, um troço da Estrada Nacional N.º
1. Sempre que chovia esta rua transformava-se num autêntico charco.
Em Fevereiro de 1923 iniciaram-se
as obras de alargamento desta rua, junto ao cruzamento em frente aos Paços do
Município, o coração de Esposende. Eram frequentes as queixas dos moradores
pois este local era apertado e, por isso, para além de inestético, difícil para
os transeuntes. Este alargamento só foi possível devido à cedência de uns
pequenos edifícios que eram pertença de Ernesto Emílio de Faria. Aliás a sua
demolição veio trazer mais visibilidade e beleza à sua própria casa e, por seu
lado, a rua ficava mais ampla. Este alargamento foi também beneficiado com a
demolição da antiga cadeia em cujo local foi, mais tarde edificada a “Casa
Havaneza”.
Ao longo de vários anos a Câmara
Municipal travou uma “batalha”, sem tréguas com o Poder Central no sentido
deste permitir a passagem desta rua, assim como da rua 1.º de Dezembro (então
Rua Direita), para jurisdição da Câmara pois, concerteza, ser-lhe-ia dada outra
atenção no tocante à conservação. É neste sentido que em 29 de Julho de 1929, e
dado que a Câmara tinha mandado elaborar a “Planta da Vila” e era forçoso que
se obtivesse “… uma uniformidade de plano para os melhoramentos e alinhamentos”
a rua Emídio Navarro deixasse de pertencer à jurisdição da Direcção das Obras
Públicas e passasse para a Câmara. Foi dirigida uma petição, neste sentido, ao
Governo.
Curiosamente sempre que era
pedida uma nova construção nesta rua o respectivo alinhamento era obrigatoriamente
dado por aquela direcção o que não agradava ao executivo camarário que assim
perdia qualquer capacidade de ordenar o urbanismo em Esposende. Por vezes os
técnicos da Câmara, ultrapassando as suas competências, procediam aos ajustes e
alinhamentos como foi o caso da edificação da casa de Rosa Figueira cujo
alinhamento fora deferido em Abril de 1892. A Direcção das O. Públicas
contestou e avisou a Câmara da falta grave com aquele procedimento.
Curiosamente voltou a passar-se o mesmo aquando a autorização concedida a
Delfino de Miranda para a construção da sua casa e respectivo alinhamento.
Em 20 de Janeiro de 1936 os
moradores desta rua apresentaram na Câmara uma representação solicitando que
fosse aberta uma rua que ligasse o “caminho” Trás-os-Açougues com a Rua da
Central, entre as casas que eram de Petronila e de Manuel Soares. Para além de
alegarem questões de saúde pública, diziam que “era necessário dar livre escoante às águas que ainda esta noite
inundaram todos os prédios daquele local, tornando-os inabitáveis e porque o
conservar aquela rua no seu actual estado pode dar origem a desastres pessoais
e mesmo a vítimas”.
MERCADO MUNICIPAL
Nesta rua funcionou a partir de
1928 o Mercado Municipal.
Na reunião de Câmara de 14 de
Maio de 1928 a câmara achou por bem, e para melhor servir o público, instalar
este mercado num recinto fechado. Acontecia, porém, que a Câmara não dispunha
de orçamento para construir esse recinto. Assim decidiu que fosse arrendado por
5 anos o quintal, com frente para a Rua Emídio Navarro, “ contíguo à antiga
fábrica desta vila” que pertencia a D. Ana Margarida Leitão Faria. O aluguer
ficou estabelecido em 600$00/ano. Na frente deste espaço a Câmara mandou
colocar o dístico “Mercado Municipal”.
[1] - A
Emídio Júlio Navarro (N.1844; M.1905) deve Esposende o seu esforço pela
construção da Ponte de Fão. Aquando Ministro das Obras Públicas (1886 – 1889),
do governo de José Luciano de Castro, empreendeu uma grande tarefa de acelerar
e concluir a rede de estradas de que o país tanto necessitava.
Licenciado em Direito, foi
Conselheiro de Estado, Deputado e Escritor e Jornalista, Director do jornal
“Novidades” que iniciou a sua publicação em 1885.
Foi Membro do Partido
Progressista Histórico
[2] - A Emídio Júlio
Navarro (N.1844; M.1905) deve Esposende o seu esforço pela construção da Ponte
de Fão. Aquando Ministro das Obras Públicas (1886 – 1889) empreendeu uma grande
tarefa de acelerar e concluir a rede de estradas de que o país tanto
necessitava.
Licenciado em Direito, foi
Conselheiro de Estado, Deputado e Escritor e Jornalista.
Foi Membro do Partido
Progressista Histórico
[3] - O texto da Proposta é
comum a outras novas designações de arruamentos aprovados na mesma altura. Dele
nos referiremos nas alturas devidas.
[4] - Entretanto na reunião de Câmara de 26 de Abril de
1940 o executivo, liderado pelo P.e Manuel Sá Pereira, aprovou nova toponímia
para a então Vila de Esposende, dando à Rua da Central, antiga Rua 31 de
Janeiro, a designação de Rua Emídio Navarro, fazendo justiça a este figura
grata para Esposende.
Meu bisavo nasceu em Esposende um FARIA. Minha avo falavamuito em Neivinha. Conscidencias. Abrçs.Ana MariaFaria
ResponderExcluirCara Ana Maria, tenho muitos dados genealógicos sobre os Farias de Esposende. Se puder ajudar diga.
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