segunda-feira, 16 de maio de 2016

MEDALHÍSTICA DO CONCELHO DE ESPOSENDE
II

MEDALHA : N.º 6



Data: 1988

Entidade Promotora : Junta de Freguesia de Apúlia

Autor: Jorge Coelho

Módulo : Circular – 80 m/m

Emissão : 300 exemplares em bronze, numerados.


ANVERSO:

Descrição : Em campo pleno um par de sargaceiros, tendo como fundo o mar. Na praia vê-se um barco e alguns apetrechos da faina do sargaço.

Leitura :

REVERSO :

Descrição : Uma palma


Leitura : “ Apúlia – Elevação a Vila – aprovada em Assembleia da República em 11 de Março – 88 – Lei N.º 47/88 de 19 de Abril “

NOTAS : Trabalhamos com base na Medalha N.º 100

MEDALHA : N.º 7


Data: 1990

Entidade Promotora : Caixa de Crédito Agrícola Mútuo - Esposende

Autor:

Módulo : Circular – 80 m/m

Emissão : 300 (?) exemplares em bronze

ANVERSO:

Descrição : Símbolo do Crédito Agrícola Mútuo

Leitura : “ Crédito Agrícola Mútuo – Uma raiz no País “

REVERSO :

             Descrição : No campo central uma alegoria aos pescadores de Esposende, através de uma rede. Vê-se, também, objectos  alusivos à agricultura e à apanha do sargaço. No campo superior da medalha, à esquerda, aparece o brasão de Esposende. Na parte inferior vê-se a silhueta de Esposende, vista do rio.
Leitura : “ C.C.A.M.Esposende – Fundada em 1937 “

MEDALHA : N.º 8

 Data: 1990


Entidade Promotora : Núcleos Cicloturísticos de Forjães e Barroselas

Autor: Mendanha (Pintor)

Módulo : Circular – 50 m/m

Emissão : 500 exemplares em bronze

ANVERSO:

Descrição : No campo central uma alegoria, estilizada, ao ciclismo

Leitura : Em círculo “ Núcleos Cicloturísticos de Forjães e Barroselas “

REVERSO :

Descrição : Contém um gráfico representando o Itinerário da Prova.

Leitura : Ao centro “ 8.7.90 – Forj. , Barc., Amare. , Esp.  “

MEDALHA : N.º 9


Data: 1990

Entidade Promotora : Governo Civil de Braga

Autor: J. Veiga

Módulo : Circular – 90 m/m

Emissão : 300 exemplares em bronze

Fundição : Renautus (?)

ANVERSO:

                Descrição : Ao centro a esfera armilar com o escudo das quinas. À sua volta os brasões dos 13 concelhos que formam o Distrito de Braga

Leitura :

REVERSO :

                Descrição: Ao centro e tendo por fundo o mapa do distrito de Braga, o Palácio dos Falcões, sede do Governo Civil de Braga.

Leitura : “ Governo Civil do Distrito de Braga “

NOTAS: Trabalhamos com base na Medalha 130

MEDALHA : N.º 10


Data: 1992

Entidade Promotora : Câmara Municipal de Esposende

Autor: Jorge Vasconcelos

Módulo : Circular – 80 m/m

Emissão : 500 exemplares em bronze

ANVERSO:

Descrição : Em campo pleno o Brasão da Vila de Esposende

Leitura:

REVERSO:

Descrição: Em campo pleno a Ponte, tendo como fundo a Vila de Fão

           Leitura: No campo superior da Medalha . “ Engenheiro – Abel Maria Mota; Empresa – Indústria Portuguesa Santo Amaro – Lisboa; Inauguração – 7 de Agosto de 1892; Nome Oficial – Ponte D. Luís Filipe "No campo inferior – “ 1892 – 1992 “

NOTAS: Esta Medalha foi rejeitada pela Câmara Municipal pois não correspondia à maqueta previamente aprovada. Foi refundida e feita nova Medalha.



quarta-feira, 11 de maio de 2016

MEDALHÍSTICA DO CONCELHO DE ESPOSENDE
I


MEDALHA: Nº 1

Data: 1972
Entidade Promotora: Câmara Municipal de Esposende
Autor: L. Inácio
Módulo: Circular – 70 m/m
Emissão: 250 (?) exemplares em bronze: 3 exemplares em prata

ANVERSO:

Descrição: Em destaque o busto de El Rei D. Sebastião.
Leitura: Em círculo “IV Centenário da Vila e do Concelho –1572-1972 “

REVERSO:
Descrição: Ao centro o brasão antigo da Vila de Esposende. Na parte inferior, do lado esquerdo, um velho pescador sentado num barco, vendo-se uma das guaritas do forte de S. João Baptista; do lado direito, uma caravela. Como pano de fundo a ondulação do mar.
Leitura: Na parte superior, em listel “ Câmara Municipal de Esposende “

NOTAS: Com a Revolução de Abril de 1974, as medalhas que existiam na Câmara Municipal de Esposende, desapareceram.
Um dos exemplares em prata for a oferecido ao Prof. Marcelo Caetano, então Presidente do Conselho de Ministros de Portugal. Mais tarde, aquando a sua morte, esta Medalha foi colocada à venda e a Câmara Municipal de Esposende, dado o simbolismo que a mesma arrastava, procedeu à sua aquisição.
Um outro exemplar em prata desta medalha foi oferecido ao Dr. Mota Campos, então Ministro de Estado. 


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MEDALHA: N.º 2

Data: 1979
Entidade Promotora: Editor – David Jorge Pereira
Autor: Inácio Santos
Módulo: circular – 80 m/m
Emissão: 70 exemplares em bronze, numerados
Cunhagem: Disart

ANVERSO:

Descrição: Busto de Mestre Henrique Medina, tendo como base de estudo o busto de Leopoldo de Almeida.
Leitura: “ Henrique Medina “


REVERSO:

Descrição: No campo central, uma mão com o pincel e a paleta das tintas.
Leitura: “ 70 Anos de Pintura – 1910 – 1979 – Pela Arte “



NOTAS: O Busto do Leopoldo de Almeida encontra-se na Praça Dr. Fonseca Lima, em Esposende. A Medalha é Comemorativa dos 70 anos de vida artística do Mestre Henrique Medina.
Trabalhamos com base na Medalha N.º 28.


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MEDALHA: N.º 3

Data: 1980
Entidade Promotora: Editor – David Jorge Pereira
Autor: José de Moura
Módulo: Circular – 90 m/m
Emissão: 500 exemplares em bronze

ANVERSO:

Descrição: Busto do Mestre Henrique Medina, tendo na mão um pincel.
Leitura: “ Medina “
 
REVERSO:

Descrição: Em campo pleno, duas sargaceiras.
Leitura: Ao pé da medalha – “ À espera do sargaço “


NOTAS: Curiosamente, conhecemos uma versão um pouco diferente desta medalha. Por baixo da legenda do reverso aparece a inscrição “Neiva”.
O desenho do reverso tem por base um trabalho pictórico de Mestre Henrique Medina.
Trabalhamos com base na Medalha N.º 470



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MEDALHA: N.º 4

 Data: 1984

Entidade Promotora: Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia
Autor: Escultor Jorge Vasconcelos
Módulo: Circular – 70 m/m
Emissão: 300 exemplares em bronze

ANVERSO:

Descrição: Um sargaceiro tendo como fundo o mar e três gaivotas.
Leitura: “ Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia “

REVERSO:

Descrição: Uma palma

Leitura: “ 50.º Aniversário – 1934 – 1984 “



NOTAS: Trabalhamos com base na Medalha N.º 77



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MEDALHA: N.º 5

 Data: 1986

Entidade Promotora: Associação dos Bombeiros Voluntários de Esposende
Autor: Escultor Eduardo Leitão
Módulo : Circular – 80 m/m
Emissão : 500 exemplares em bronze, numerados
Cunhagem : Cunharte - Adolfo

ANVERSO:
                 Descrição: Ao centro as Armas de Esposende (Antigas) tendo a roá-las a divida dos Bombeiros Voluntários de Esposende. Em aspa,       dois machados.

Leitura: “ Bombeiros Voluntários de Esposende “. Numa bóia – “ Socorros a náufragos – Incêndio – Saúde “

REVERSO :
Descrição: Em campo pleno, em relevo, o edifício dos Bombeiros.
Leitura: “ Inauguração do Novo Quartel – 25 de Maio de 1986 “


NOTAS : Trabalhamos com base na Medalha N.º 160












domingo, 8 de maio de 2016

RUAS DE ESPOSENDE
V
PRAÇA DO MUNICÍPIO


“ O Melro, na madôrna da tarde, sentado nos bancos de granito da Praça, olhos vagos, ou desfia o cânhamo dum pedaço de cabo de navio ou, descrevendo uma curva sobre as pontas de mamados charutos, pica-os pacientemente para fazer o vinagrinho das suas pitadas … Arrimado ao arco que abre para a Rua Direita, o Tio Bento de japôna ao ombro, o barrete escuro pendente orelha abaixo, aguardava resignado o vintém dos esmoleres … à esquina da cadeia, o Fortuna anotava as franguinhas que passavam e, das mais próprias a encher as vazas, vinha-nos dizer segredeiro, piscando o olho maroto: - Menino aquilo é mesmo oiro do olibes! … Caem serenas as badaladas das trindades, do alto das torres da Matriz e da sineira da Misericórdia. A tarde morre também serena. A pardalada chilrêa assanhada nos quintais e nas magnólias da Praça … junto à porta lateral da Misericórdia, o Frente sacudia a quentura deixada pelo vasto assento do tio Galante no banco de pedra, senta-se para preleccionar a má-língua do burgo … “

Luís Viana, Esposende – 1885


1.ª PRAÇA DO MUNICÍPIO
2.ª PRAÇA CONDE DE CASTRO
3.ª PRAÇA DA REPÚBLICA
4.ª PRAÇA DO MUNICÍPIO

É nesta praça que se encontram os dois grandes eixos viários que, desde o século XVI, cruzam o burgo esposendense. Também é aqui que se concentravam as várias instituições e serviços públicos formando como que o “fórum” da vida da vida concelhia. O seu perímetro era ocupado essencialmente pelos seguintes edifícios; Paços do Município ocupando a frente norte, Igreja da Misericórdia a frente poente, a Casa da Praça a frente sul e a frente nascente, em parte, era ocupada pela velha cadeia, mais tarde substituída pela famosa “Casa Havaneza”.
Esta praça sofreu grandes alterações por volta de 1732 quando se iniciaram as obras do edifício dos Paço Municipal, obras que decorreram até 1758[1]. O seu construtor foi o Mestre Pedreiro Domingos Martins, natural de Gemeses.
Mais tarde, em Agosto de 1852, o espaço em frente ao edifício municipal é transformado em praça, sendo-lhe colocadas umas colunas em granito, trabalhadas por Mestre Vicente Moimenta, natural de Fão[2]. O gradeamento inicial era em ferro e foi trabalhado pelos Esposendenses Manuel Gomes Gaio e Joaquim Gonçalves Nibra[3].
O edifício da Câmara, tal como era descrito em 1925, “… era de boa cantaria, é formada a sua frente por três arcos muito elegantes e mais dois; um do lado nascente e outro do poente, este nas traseiras da Capela da Misericórdia e o primeiro que confronta com a aludida Rua Direita. Tem o rés-do-chão onde se encontram instaladas as seguintes repartições: secretaria judicial, gabinete do chefe da secretaria judicial, aferição de pesos e medidas e repartição da fazenda pública. Onde hoje se encontra o gabinete do chefe da secretaria judicial e aferição de pesos e medidas, já esteve durante algum tempo a cadeia comarcã; como fosse demasiadamente impróprio tal lugar, mesmo porque muitos rapazes passavam às grades da cadeia o seu tempo conversando com os presos, foi retirada para o Hospital Velho, lugar também impróprio. No primeiro andar: Tribunal Judicial, Sala das Sessões da Câmara, gabinete e outras repartições, todas pertencentes à Câmara. Foi restaurado em 1913 – alindado nas arcarias, escadas e entradas para as secretarias com lindos azulejos modernos e mosaicos que lhe impôs um aspecto diversos e interessante “.
Na esquina do nascente desta Praça, fazendo face para a Rua 1,º de Dezembro e Nossa Senhora da Saúde (então Rua 15 de Agosto), levantava-se “… uma torre feita de pedra grossa. Esta torre – Cadeia Velha, tinha duas janelas viradas para a Rua 1.º de Dezembro e duas para a Rua Senhora da Saúde, de 60 cm de largo e 85 de alto, com grades de grossos ferros. No cunhal da esquina possuía o brasão das armas portuguesas feito em pedra, de bastante valor artístico”.
Este edifício entrou em ruína total e não oferecia quer segurança para guardar presidiários quer mesmo condições de salubridade para que aí pudesse viver alguém. Por essa razão foi abandonado e em 19 de Junho de 1922, a Câmara Municipal decidiu proceder à arrematação de parte do terreno onde estava edificada. A base de licitação foi de 600$00 e nesse acto apareceu o Dr. Ramiro de Barros Lima, com procuração do Dr. António de Sousa Ribeiro, que o comprou por 650$00.
A Casa Havaneza abriu as suas portas em 1 de Março de 1928. Pertencia à firma Abreu e C.ª L.da da qual faziam parte o Dr. Artur Barros Lima e José d’Abreu. Era assim descrita “… tem arte e bom gosto este estabelecimento; as suas estantes vitrines e balcão afastam-se do comum dos velhos estabelecimentos do burgo. Vê-se que ali não presidiu o espírito da ganância, mas sim a vontade de agradar ao público e proporcionar-lhe, a par de objectos de útil necessidade, o bem-estar e a impressão nítida do bom gosto dos seus proprietários “.


Durante a minha viagem,
Desde Lisboa a Melgaço,
Nalguns pontos de paragem
Tomei café com “bagaço”

Porém, digo, com franqueza,
Que apenas o encontrei
Bom e soberbo, de lei,
Na sua “Casa Havaneza”

Um forasteiro, 20.9.1940


Dado ser um cruzamento de grande movimento, os governantes desde sempre consideraram ser um local com estrangulamentos que era necessário corrigir.

Na reunião de Câmara de 9 de Junho de 1888 e pelo Presidente do Executivo[4] foi apresentada a seguinte Proposta “… A Praça Municipal se denomine de hoje para o futuro PRAÇA CONDE DE CASTRO[5] e que nela se levante um monumento em cuja base se inscreva o seguinte na face da frente: Ao nobre Conde de Castro a Municipalidade agradecida e nos restantes os melhoramentos que por seu intermédio nos têm sido concedidos e as respectivas datas “.
Para ser levantado este Monumento, e tendo em vista o seu financiamento, a Câmara municipal teve que solicitar autorização à Comissão Distrital de Braga. Esta através do ofício n.º 280 de 6 de Junho informa a Câmara de que não poderia debruçar-se sobre este pedido já que não era conhecedora nem do projecto do monumento, nem dos detalhes e muito menos do seu custo.
Na reunião de Câmara de 22 de Agosto de 1852, era Presidente José Joaquim de Faria Azevedo, procedeu-se à arrematação da obra de pedreiro “… que tem a fazer-se na Praça desta vila, conforme o aprovado”. Manou-se ladrilhar a “Praça que fica defronte ao Paço do Concelho gradiando-se em toda a volta ficando com fojo em frente da entrada da Câmara, outro em frente da entrada da Misericórdia, outro do lado norte e outro do lado sul debaixo dos arcos, cuja obra se mandou por em praça pública”. Lançado o pregão a obra foi adjudicada ao Mestre Pedreiro Vicente Moimenta, natural de Fão, pelo valor de 148$000 reis. Do caderno de encargos constava: “1- Todo o espaço compreendido debaixo da arcada do Paço será ladrilhado de esquadria, sendo a esquadria da entrada toda igual em comprimento e largura, e ficando a parte do poente no nível em que se acha a do nascente, levando em cada uma das entradas do nascente e do poente um quadrado de esquadria para fôjo, que será em todo o comprimento e da largura de cinco palmos, com quatro de fundo; 2 – Todo o espaço da Praça que se acha por ladrilhar será também ladrilhado, encabeçando no ladrilhado velho do lado sul, do lado norte com a fronteira do Paço do Concelho, com rebaixe de quatro polegadas para impedir que as águas entrem para debaixo dos arcos; 3 - Toda a fiada que está em volta da Praça, de norte a sul e do nascente a poente, será demolida, e feita de novo, e por cima desta fiada será feito um paredão de dois palmos de esquadria à fiada, sendo uma por dentro e outra por fora, não admitindo alvenaria, e por cima levará uma cápea de um palmo de grossura e dois e meio de largura sendo limpa e enodada e tendo o paredão dois palmos de largo, de forma que a cápea forme uma faixa de uma polegada do lado de fora e de três do lado de dentro; 4 – No lado nascente, em frente da Misericórdia e no meio do paredão ficará uma entrada de 10 palmos de largo e com um fôjo igual ao da condição primeira, e do lado sul, no meio do paredão em frente às entradas do Paço do Concelho haverá outra entrada da mesma largura e com igual fôjo tendo cada uma destas entradas um pilar de cada lado da grossura do paredão até à altura de quatro palmos, sendo daí para cima de palmo e meio em quadro até à altura de sete palmos incluindo o remate que será pelo modelo presente e levando mais em cada um dos lados da entrada, pelo meio do paredão três pilares iguais aos da entrada e em iguais espaços sendo um a cada canto e dois no meio, e do lado sul levará mais três pilares, também iguais aos outros, sendo um encostado à esquina da Misericórdia, e os outros dois, um de cada lado, da entrada, em iguais espaços; 5 – Os assentos que se acham à face da igreja da Misericórdia, serão demolidos e reformados de novo, sendo feitos em todo o comprimento da igreja, sendo cheios de cima a baixo, ficando semelhantes ao paredão da Praça e o serão também os assentos que se acham à face do Paço do Concelho debaixo da arcaria, e no paredão da Praça do lado sul, tanto no canto do mar como no da terra, levará um buraco que dê livre saída das águas para a rua”.
Para além destas obras foram mandados fazer passeios “… desde a porta principal da Misericórdia até ao canto da Praça … e do dito canto junto à dita Praça e pela Rua Direita … desde a esquina da Cadeia até à casa de Miguel Ribeiro dos Santos”. Esta obra foi entregue ao Mestre Pedreiro António José Fernandes Loureiro, de Esposende.

Em 1917 esta Praça sofreu uma profunda alteração, sendo-lhe retirado o gradeamento que aí existia assim como foram arrancadas as árvores aí plantadas.
As obras entretanto pararam e os Esposendenses não viam com bons olhos o estado degradado a que tinha chegado a praça central de Esposende. Assim na reunião de Câmara de 5 de Janeiro de 1918 foi apresentada a seguinte proposta “ Que o Largo fronteiro ao município seja ajardinado, preterindo-se para melhor oportunidade a sua modificação, atendendo ao grande custo dos materiais”. Curiosamente nesta proposta identificava-se este largo como Praça da República, tal como é chamada em 1919 aquando as obras de calcetamento. Questionado sobre o custo das obras, o Presidente informou que o mesmo era elevado porque o projecto previa que a sua reconstrução fosse feita com “granito de Lisboa” e que só a pedra, colocada em Esposende, rondaria os 200$00 o que era muito para os cofres do município. Nesta mesma reunião foi nomeada uma Comissão específica para aconselhamento dos Melhoramentos Locais, constituída pelo Delegado Procurador da República, Dr. João Caetano da Fonseca Lima e pelo Dr. Alexandre Henriques Torres.
Somente em Abril de 1919 é que se iniciaram os trabalhos de remoção dos lajeados da Praça e se preparou o terreno para o seu ajardinamento. É claro que nada foi concluído e a praça começava dar sinais de abandono. 

Nesta altura a Câmara decidiu reiniciar as obras que estavam paradas desde 1917. Pretendia a Câmara dar-lhe um aspecto semelhante ao que existia antes mas, aproveitar para fazer alguns ajustes de áreas de forma a torná-la mais ampla e, ao mesmo tempo dar amplitude às ruas que aí afluíam.
Em 8 de Fevereiro de 1926 a Câmara mandou arrancar as árvores que estavam na Praça da República e proceder ao nivelamento do passeio que a circundava.
O Presidente da Câmara Valentim Ribeiro da Fonseca manda afixar um Edital, com data de 23 de Novembro de 1926, no qual anunciava que “… pelas 14 horas do dia 13 do próximo mês de Dezembro se há-de proceder, na sala de sessões da Câmara, à arrematação da obra de reconstituição da Praça da República, nesta Vila[6].
Na reunião do executivo municipal de 6 de Dezembro de 1926 e por proposta do seu Presidente foi decidido “… mudar a denominação da Praça da República, antiga Praça Conde de Castro, para PRAÇA DO MUNICÍPIO “.

Em 17 de Fevereiro de 1927 o Presidente informou a Câmara de que para se proceder às obras na Praça do Município era necessário solicitar autorização à Direcção de Estradas de Braga. Foi enviado o projecto das obras a fazer e através do ofício de 27 de Janeiro, a Direcção de Estradas autoriza “… proceder à reconstrução da Praça da República de que faz parte em volta do mesmo um gradeamento assente em pedra, praça esta que confina pelo nascente com a Estrada Distrital N.º 7, ficando o município sujeito às seguintes condições: A obra tinha que ficar a 3,60 m do eixo da estrada; o prazo da obra era de 6 meses “. Uma das exigências daquele organismo era que “ fosse retirado o gradeamento na parte confinante com a estrada, quando seja necessário proceder-se ao alargamento da mesma “.


Na reunião de Câmara de 4 de Maio de 1955 foi deliberado aprovar o projecto referente ao arranjo da Praça “ anexa ao edifício dos Paços do Concelho”. O estudo foi do Arquitecto Francisco Augusto o qual mereceu inteira aprovação quer da Câmara Municipal quer da Comissão de Arte e Arqueologia deste concelho.




[1] - O valor da obra foi de 900$000 reis
[2] - O valor destas colunas foi de 140$000 reis
[3] - O gradeamento custou 1$500 reis
[4] - Ver Proposta apresentada na Rua Narciso Ferreira
[5] - Para conhecer a Biografia de Conde de Castro ver Rua Conde de Castro.
[6] - Edital N.º 56 da Câmara Municipal de Esposende. 
RUAS DE ESPOSENDE
IV
LARGO DO PELOURINHO


No Largo do Pelourinho,
No meio de casarias,
Mora o Senhor Capuchinho
Cunhado do Jeremias.

Popular, 1932


“ O Pelourinho, sendo o mais pequeno património construído luso, no mundo, foi tão ou mais espalhado que as nossas fortalezas “

F. Perfeito de Magalhães



Esposende, elevada à categoria de vila e sede de concelho, em 1572, não obteve, no entanto, desde essa data, todas as prerrogativas inerentes a este novo estatuto. Eram eleitos os homens da governança, nomeadamente a Vereação Municipal, os Almotacés, Meirinhos, Juiz dos Órfãos, Alcaides, etc., mas o mesmo não acontecia com a Administração Judicial. Somente em 29 de Julho de 1886 é criado o Julgado Municipal e em 27 de Outubro de 1898 a Comarca Municipal de 3ª Classe. Estamos certos que é nesta altura que se terá despertado para a reconstrução do Pelourinho de Esposende.
Usualmente este monumento, juntamente com a cadeia, associa-se ao Poder Judicial. Assim se desde o século XVIII, mais precisamente desde 1732, existe cadeia, facilmente concluiremos que também o pelourinho existiria, pelo menos nesta data.
A função do Pelourinho era a de manter amarrados, publicamente e por tempo variável, os criminosos que, não sofrendo a pena capita, sofriam o vexame público. Eram aí “executadas as penas menores e as que os Almotacés decretavam nas suas sentenças “.
Ao Pelourinho não tinham somente direito o Município mas também os grandes Domínios Feudais, os Coutos[1], os Ricos-Homens, a Igreja e os próprios Mosteiros.
Um outro dado a reter é que “o Pelourinho erguido na Praça Principal da terra, em geral em frente e centrado com o edifício camarário, mostrava a todos a categoria administrativa do povoado, vila e sede de freguesia, possuidora, portanto, de jurisdição penal, tornando-se assim um padrão municipal “. Segundo F. Perfeito de Magalhães[2]nele (pelourinho) era costume afixarem-se os éditos judiciais e os editais camarários depois de proclamados pelo arauto ou pelo pregoeiro “.
Muitos dos nossos Pelourinhos – talvez o de Esposende – sofreram importantes estragos, destruídos a grande maioria, durante as lutas liberais. Então, eram considerados como símbolos da opressão e “instrumentos de morte “. Algumas Administrações Municipais apearam-nos dos seus locais primitivos, vendendo-os, dando-os ou, muitas vezes, simplesmente abandonando-os à incúria dos homens e do tempo. Segundo Regina Anacleto[3]. Sobre estes frágeis monumentos pendiam as seguintes acusações “o teatro do flagelo e desonra da humanidade “, “emblema da ignomínia”, “símbolo da infâmia e despotismo”, “sinistra memória “.


A descrição genérica do Pelourinho de Esposende

Inicialmente os Pelourinhos eram formados por ferros – quatro braços em cruz, normalmente representando serpes ou serpentes, com uma argola pendente em cada ferro. A encimar esses pequenos monumentos, colocavam-se elementos decorativos como cataventos, bandeirolas, esferas armilares, cruz de Cristo, etc.
Muitos desses elementos perduraram ao longo dos anos e séculos mas, tanto quanto conseguimos apurar, a partir de meados do século XVIII, os ferros em cruz deixaram de ser utilizados nas picotas ou pelourinhos.
Normalmente são de arquitectura simples – dois a três degraus, em quadrado. Esta escadaria dava acesso à plataforma, no centro da qual se erguia a coluna. Esta, por sua vez – e de uma forma geral, compunha-se de base, fuste e capitel. Quer a base, quer o capitel, apresentavam-se, muitas vezes, de arquitectura bastante simples. Aliás este é o caso do Pelourinho de Esposende. Luís Chaves escreveu que “o remate do fuste do Pelourinho de Esposende pode ser considerado do tipo bloco[4]. O fuste é prismático, de secção oitavada.
Se aceitarmos o que nos disse Manuel de Boaventura, quando abordou a questão deste pelourinho, afirmando que as arestas eram biseladas, então poderemos estar perante um dado que datará este exemplar da era de quinhentos.
O fuste é dividido a meio por um anel simples, aberto no granito, no qual se embutia a cadeia de ferro, ainda lá existente. Quanto ao capitel, este segue, um pouco, a linha clássica. Talvez a estilização de uma gaiola, tipo manuelina [5], onde sobressaem os motivos florais. É encimado por uma esfera armilar, rematada pela cruz de Cristo[6].
Julgamos importante referir que o Pelourinho da Póvoa de Varzim, reconstruído em 1854, embora o original date de 1514, é muito parecido com o de Esposende, até na decoração. Não será de todo errado pensar que o Mestre Pedreiro que trabalhou a base do Pelourinho de Esposende terá sido o mesmo que fez o da Póvoa de Varzim ou, pelo menos, nele se inspirou.
O Pelourinho de Esposende é um dos 9 monumentos do concelho de Esposende, classificados como Imóveis de Interesse Público[7]. A data da sua classificação é de 11 de Outubro de 1933[8].


O “calvário” do Pelourinho

José Felgueiras escreveu que em 1756, no Inventário dos Bens da Câmara Municipal, vem referida “uma argola quebrada do Pelourinho[9]. Também o saudoso Armindo Duarte noticiou[10] que “segundo João de Freitas, o Pelourinho deveria ter sido construído depois da elevação de Esposende a Vila e que em 1732 quando foram construídos os edifícios da Câmara e da Cadeia, já o Pelourinho, provavelmente, estaria levantado próximo da Ermidinha da Senhora da Soledade – de onde, em 1867, foi retirado para a abertura da estrada para Barcelos “. Armindo Duarte baseava-se, portanto, numa informação de João de Freitas o qual, por sua vez, opinava que jamais se encontraram vestígios desse monumento na Praça da Câmara – onde aliás eram levantados e, quanto a nós, estamos convictos ter sido aí o seu primitivo lugar. O que é certo é que após ter sido desmontado, isto por volta de meados do século XIX, perdeu-se-lhe completamente o rasto.
Por volta de 1906, Silva Leal, eminente arqueólogo, lançou uma campanha nacional a favor da preservação e restauro dos Pelourinhos. Esta iniciativa contou com a valiosa, e activa, colaboração da Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses, enviando circulares a todos os municípios portugueses, no sentido de evitarem a degradação desses pequenos, mas significativos, monumentos. Aliás não foi esta a única vez que um organismo nacional se preocupava com os Pelourinhos Portugueses. Em 1935, a Academia Nacional de Belas Artes, procedeu a um inventário nacional dos Pelourinhos, tendo, na altura, inventariado 260 exemplares.
Voltando a inícios do século XX, e após a chamada de atenção de Silva Leal, as autoridades concelhias pouco ou nada se preocuparam. Foi a sociedade civil que querendo saber o paradeiro do “seu” Pelourinho, se lançou numa campanha de informação, solicitando notícias do mesmo.
Em 22 de Abril de 1906, no “Povo Espozendense” – e mais uma vez o nome de José da Silva Vieira, aparece em destaque nesta luta, é feito um apelo a todos os Esposendenses para que dessem notícias sobre o possível paradeiro do Pelourinho de Esposende. Ninguém sabia nada sobre as pedras, que a ele pertenceram. Este apelo foi, igualmente, repetido no jornal “O Fanzense[11] .
A Câmara de Esposende na sua reunião de 22 de Junho de 1907 propôs que se procedesse “ … à restauração do Pelourinho desta Vila, para o que deverá falar-se com o proprietário do prédio onde se encontram as pedras que o formam afim de as ceder a esta Câmara, a qual se deve prontificar a fornecer-lhe outras em substituição daquelas “. Aliás a Câmara disponibilizou uma verba para este efeito e, decidiu na reunião de 7 de Setembro desse mesmo ano, que o mesmo fosse reerguido no Largo Dr. Fonseca Lima.
De facto o Pelourinho estava completamente fraccionado e parte dele integrava um muro de moradia, pertencente a Elias da Costa Ferreira, situada na rua Direita. Supomos que se trata do filho de D. Maria Rosa da Silva e irmão de Manuel da Costa Ferreira. Numa notícia inserida em O Espozendense” acrescentava-se que “...os quais nos parece cederem da melhor boa vontade as referidas pedras, mediante a colocação de outras no sítio onde as mesmas se encontram. Umas escadas que o referido prédio tem pelo lado Sul do quintal, também são feitas com os degraus e primeiro pavimento do referido Pelourinho... “[12].
Após a descoberta dos elementos do Pelourinho, uma Comissão de Esposendenses, formada, entre outros, por José da Silva Vieira, proprietário do jornal “O Povo Espozendense”, António Domingos Lopes, Chefe do Telégrafo-Postal de Esposende, José D’Almeida Abreu, Secretário da Câmara Municipal e Manuel de Boaventura, Escritor e Professor, pediram à Câmara Municipal de Esposende que procedesse à recuperação daquele monumento[13].
Um aspecto que importa referir é que quando são descobertos alguns elementos do Pelourinho, verificou-se faltar, unicamente, a esfera armilar. Pelos vistos nunca chegou a aparecer e a actual foi desenhada por M. Viana [14] que, auscultou a opinião do erudito historiador Dr. António Baião. Na opinião de Armindo Duarte, e no trabalho a que já nos referimos, quem orientou a construção do capitel foi o Prof. Dr. Sousa Viterbo. Esta afirmação também tem veracidade pois numa carta escrita por M. Viana, vinda de Lisboa, datada de 19 de Maio de 1925, escreveu que “... Não só foi estudado por mim como foi aprovado pelo erudito Sr. Dr. António Baião, como pelo meu competentíssimo Professor e Amigo Sr. Dr. Sousa Viterbo...”.
Aquando o restauro foi cinzelada a coluna “tirando-lhe alguma feição primitiva”. Seria o biselado a que se referia o Escritor Manuel de Boaventura? O mesmo adiantava “... Algumas partes primitivas não puderam ser aproveitadas pois estavam muito deterioradas sendo feitas e colocadas, de novo[15].
O restauro e reconstrução começaram, fazendo fé em fontes da época, em 12 de Dezembro de 1907. O jornal “O Espozendense” de 22 de Março de 1908, informa-nos que as peças do Pelourinho estavam deitadas, embora lavadas, na Praça Tenente Valadim [16] local onde este iria ser levantado[17].
Infelizmente as pedras continuaram deitadas na Praça sem que os responsáveis cuidassem do seu restauro. Como seria de esperar, alguém as “despachou “ para outro local e somente em 1917 é que são, de novo, descobertas. Estavam amontoadas junto à parede Sul do cemitério de Esposende, por detrás  da Capela Mortuária. Solicitava-se, de novo, a intervenção da Câmara Municipal, exigindo-se que a mesma o reconstruísse e o levantasse numa das Praças ou Largos existentes na Vila. De nada serviu este apelo para contrariar a apatia camarária face a este problema.
Na reunião de Câmara de 14 de Novembro de 1921 foi lido um ofício em que os cidadãos Manuel Gonçalves Viana, João de Freitas, João Amândio e António da Silva Ferreira “… constituídos em Comissão, tendo tomado a seu cargo a missão de levantar, numa das praças desta vila, o antigo Pelourinho há anos restaurado, pediam a necessária autorização para tal fim, com a indicação do lugar onde deve ser colocado, lembrando ao mesmo tempo que o mais apropriado seria a Praça Tenente Valadim, já por estar ao lado da Câmara e do Tribunal, já por não prejudicar o trânsito”. A Câmara tomou conhecimento e decidiu “… deixar a escolha àquela Comissão o local onde deve ser levantado o monumento”.  
Esta Comissão de Esposendenses, de imediato, promove uma subscrição pública para a “Reedificação do Pelourinho de Esposende”.
Com a verba amealhada, foi recolocado na Praça Tenente Valadim no dia 24 de Dezembro de 1921. A subscrição pública rendeu 159$00, tendo sido o custo da reconstrução de 132$00. O encarregado do restauro foi o Sr. António Fernandes Ribeiro.
Na reunião de Câmara de 21 de Março de 1922 foi apresentado um documento desta mesma Comissão, informando o Executivo “… que estava concluída a obra do antigo monumento, cujo honroso encargo de o fazer levantar se havia imposto e dele faziam entrega a esta municipalidade, cargo de quem, de futuro, ficará a sua conservação”. Optaram pela sua colocação na Praça Tenente Valadim.
Mas não fica aqui a odisseia do nosso Pelourinho.
Em 13 de Fevereiro de 1926, foi, mais uma vez, desmantelado, e por ordens da Administração do Concelho, foi colocado no então Largo de Sant’Ana – actual Largo do Pelourinho. M. Viana protestou contra esta decisão e escreveu “...a terem de o mudar só para o centro do mesmo largo em que está, devidamente ajardinado e arborizado”.
O Executivo Municipal de Esposende quis saber mais sobre o “seu” Pelourinho, sobre a estrutura física do mesmo e, para isso solicitou informações à Academia Nacional de Belas Artes. A resposta foi dada através do Ofício N.º 463, com data de 12 de Janeiro de 1935 e assinado pelo seu Presidente José de Figueiredo, no qual se dizia “… satisfazendo o pedido posto por V. Ex.ª tenho a honra de remeter, inclusas, cópias do artigo publicado em 1907 no periódico “A Nossa Pátria” e do desenho que acompanha o mesmo artigo. São os únicos elementos elucidativos sobre o Pelourinho desta vila que se encontraram, parecendo-me, contudo, que no desenho não devem figurar todos os elementos do primitivo pelourinho”.


HISTÓRIA DO LARGO

Designações

1.ª LARGO DE SANT’ANA
2.ª LARGO DA ALEGRIA
3.ª LARGO DO PELOURINHO

Situa-se a nascente do Largo Marquez de Pombal e no alinhamento da Rua Narciso Ferreira.

Chamou-se outrora Largo de Sant’Ana pois, segundo alguns autores, aí terá existido um pequeno nicho em honra de Sant’Ana.
Segundo algumas informações, nomeadamente na revisão toponímica realizada pela Câmara em 26 de Abril de 1940, disse-se que o Largo do Pelourinho “… se chamava antigamente Largo da Alegria”.
Na sessão de Câmara de 21 de Abril de 1894, na presidência de Manuel Rodrigues Viana, foi apresentado um requerimento de Luís António Palmeira, que era natural de Esposende, pedindo “… para serem mudadas para local mais apropriado 4 austrálias que se acham plantadas no Largo da Alegria visto que o seu grande desenvolvimento e pequenez do local assombram e tolhem a vista dos prédios confinantes, sendo o do suplicante mais prejudicado “.
Na sessão de Câmara de 15 de Outubro de 1887 procedeu-se à arrematação do calcetamento da Rua de Santana. A obra foi realizada pelo Mestre Pedreiro Manuel da Silva, natural de Fão. Em Março de 1890, era Presidente da Câmara o Dr. José Gonçalves Ferreira Vilas Boas, foi apresentado um requerimento assinado por Cipriano Alexandrino da Silva e outros moradores da Travessa de Sant’Ana, informando o Executivo do estado de ruína em que se encontrava aquela travessa.
Pese embora a pequenez deste largo, foi sempre motivo de atenção por parte do executivo municipal. Na reunião de 17 de Maio de 1919, o Vereador Manuel Miranda, que detinha o Pelouro da Viação e Obras Municipais, disse ser porta-voz dos moradores deste Largo, os quais exigiam “ … a demolição de um prédio que existe no Largo de Sant’Ana, desta Vila e que confronta pelo poente, nascente e norte, respectivamente com a Rua Marquez de Pombal, Rua de Sant’Ana ou Travessa de Sant’Ana e Largo de Sant’Ana, pela razão desse referido prédio prejudicar muitíssimo a passagem dos carros”. O Vereador propunha à Câmara que esse prédio, que era pertença de Carlos Maria Borges de Lima, fosse demolido. Os restantes elementos do Executivo concordaram e propuseram ao seu proprietário a aquisição por 265 escudos. Depois da sua demolição foi dado baixa na Matriz Predial, quer a casa quer o quintal, pois passaram a pertencer ao domínio público. A razão de a Câmara se preocupar com este largo residia no facto desta ser uma das entradas e saídas da vila, nomeadamente quem se quisesse deslocar à vizinha freguesia de Gandra “… tinha que percorrer os seguintes caminhos/ruas: - no Verão mete a direito pela cangosta que sai do largo do Pelourinho, atravessa o Rego da Pita e lá vai ziguezagueando pelo meio dos campos até Gandra”.
Na reunião de Câmara de 29 de Abril de 1925 e em virtude do alargamento previsto fazer no Largo Dr. Fonseca Lima, o Executivo decidiu pela mudança do Pelourinho que se encontrava aí – mais precisamente numa pequena praça anexa a esta que se chamava Praça Tenente Valadim, e, para isso, quis ouvir a Comissão que restaurou esse monumento para que esta escolhesse um novo local para a sua colocação.
Assim e na reunião do Executivo de 11 de Janeiro de 1926 “… a Câmara decidiu pela mudança do Pelourinho para o largo que fica ao fim da Rua Emídio Navarro (hoje Narciso Ferreira) próximo à Associação dos Bombeiros Voluntários de Esposende”.
Dado ter-se realizado esta mudança, a Câmara na sua reunião de 14 de Março de 1927, era Presidente da Câmara o Sr. Valentim Ribeiro da Fonseca, deliberou que o Largo de Santana “… ficará a chamar-se Largo do Pelourinho”.



[1] - Apúlia possuía, também, um Pelourinho. Ver – NEIVA, Manuel Albino Penteado – Apúlia na História e na Tradição, Apúlia, 2000
[2] - Magalhães, F. Perfeito – Pelourinhos Portugueses
[3] - Anacleto, Regina - Para que serviam os Pelourinhos, in “Revista de História”, Nº3, Maio, 1981.
[4] - Chaves, Luís - Os Pelourinhos Portugueses, 1930.
[5] - A gaiola é um elemento simbólico, representando o local onde o criminoso deveria ser encerrado. Ver Pelourinho de Barcelos.
[6] - Ver aguarela de Perfeito de Magalhães, datada de 1934
[7] - Além do Pelourinho, estão classificados: Castro de S. Lourenço, em Vila Chã; Cividade de Belinho, em Antas; Forte de S. João Baptista, em Esposende; Edifício da Santa Casa da Misericórdia, em Esposende; Menhir de S. Bartolomeu, em Mar; Menhir de Antas, em Antas; Ponte Metálica de Fão, em Fão; 10 sepulturas de inumação, em Antas.
[8] - Decreto-lei Nº 23122
[9] - Felgueiras, José - “Os Bens da Câmara ... em 1756 “ , in “Farol de Esposende” de 11.1.96
[10] - Duarte, Armindo da Rocha - O Pelourinho de Esposende, in “Farol de Esposende”, 17.1.1991
[11] - “ O Fanzense”, Nº 25, 1º Ano, 1907
[12] - As medidas das pedras encontradas eram as seguintes: Coluna 2,5 m de Altura; 0,95 m de diâmetro Capitel rectangular – 0,36 x 0,39 m, por 0,40m de alto
[13] - Notícia saída no “Espozendense” de 22 de Agosto de 1907. Aí se inclui um desenho de parte do Pelourinho.
[14] - M. Viana
[15] - Registe-se que o Pelourinho de Apúlia teve a mesma sorte. António José Dias, também conhecido por Torres, natural de Apúlia e aí nascido em 1885, escreveu umas ligeiras “ Memórias”, em 1905, onde disse “...e ainda hoje existe a Casa que era a Cadeia, ficava distante ao Norte da Igreja Matriz, uns 300 m e o salão do Tribunal, era encostado à Cadeia pelo lado Sul... e tinha Pelourinho em frente...”
[16] - Ver a história do Largo Dr. Fonseca Lima
[17] - Defendemos outrora e continuamos a defender a causa de que o Pelourinho deveria ser transladado para a Praça do Município, como forma de o identificar como símbolo da identidade concelhia.